Nas últimas décadas, os testes de penetração tradicionais (pentests) se tornaram essenciais para identificar vulnerabilidades em sistemas corporativos.
Entretanto, devido à natureza pontual desses testes – realizados muitas vezes apenas uma ou duas vezes por ano –, o método já não acompanha o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas, realizadas quase diariamente nas empresas.
Com novas brechas surgindo constantemente, esperar meses pela próxima avaliação deixa as empresas expostas nesse intervalo. Nesse contexto, ganha força o conceito de pentest contínuo, uma abordagem que transforma a segurança cibernética em um processo permanente, em vez de eventos isolados e esporádicos.
Um dos principais diferenciais do pentest contínuo é fornecer visibilidade em tempo real sobre as vulnerabilidades. Em vez de relatórios estáticos entregues semanas após os testes, as equipes de segurança recebem alertas dinâmicos, permitindo correções imediatas. Assim que uma correção é implementada, novos testes são realizados para validar a solução, estabelecendo um ciclo constante de melhoria e antecipação às ameaças.
Tecnologias que viabilizam o pentest contínuo
A implementação do pentest contínuo em larga escala foi possível graças ao avanço de tecnologias especializadas, com destaque para ferramentas e plataformas automatizadas como BAS (Breach and Attack Simulation) e AST (Automated Security Testing).
Reconhecendo a importância dessas tecnologias, o Gartner introduziu, em 2022, o conceito de Continuous Threat Exposure Management (CTEM), um modelo para avaliação contínua e cíclica dos riscos digitais.
Dentro desse escopo surgiu a categoria Adversarial Exposure Validation (AEV), que combina técnicas do BAS com testes automatizados e exercícios de Red Team, oferecendo evidências constantes das vulnerabilidades sob a perspectiva do atacante.

“Diferentemente do pentest tradicional, focado em identificar vulnerabilidades técnicas específicas, o BAS testa repetidamente a eficácia dos controles de segurança existentes, simulando ataques reais. Assim, age como um simulador permanente, verificando firewalls, antivírus, sistemas de detecção de intrusão (IDS/IPS) e plataformas SIEM (Security Information and Event Management). Ao replicar técnicas reais – como movimentação lateral, escalada de privilégios e exfiltração de dados –, essa abordagem testa se as defesas da empresa são robustas o suficiente para enfrentar ataques reais”, explica Eduardo Gomes, Gerente de Cibersegurança na TÜV Rheinland.
Já o AST reúne um conjunto de ferramentas automatizadas para testes de segurança, frequentemente integradas ao ciclo de desenvolvimento e operações. Isso inclui scanners de vulnerabilidades e testes automatizados em aplicativos e código (SAST/DAST), realizados durante a integração contínua. Com isso, a segurança deixa de ser uma verificação tardia, tornando-se parte integrante do desenvolvimento e garantindo que vulnerabilidades sejam corrigidas antes de chegarem ao ambiente produtivo.
“A segurança passa a ser um serviço contínuo e não mais um projeto pontual, oferecendo vantagens como custos previsíveis e ampla cobertura dos sistemas testados. Isso permite uma gestão inteligente das vulnerabilidades, priorizando-as de acordo com a criticidade e otimizando a utilização dos recursos de TI”, afirma o gerente.
Impactos em reputação, compliance e resiliência operacional
A adoção do pentest contínuo transcende a esfera técnica, assumindo papel estratégico nos negócios. Um impacto significativo dessa prática está diretamente relacionado à reputação corporativa. Falhas críticas não identificadas rapidamente, quando exploradas por criminosos, podem gerar consequências severas em termos de imagem pública, além de prejuízos financeiros e jurídicos.
No contexto regulatório, o pentest contínuo se encaixa perfeitamente nas exigências da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que determina que empresas adotem controles efetivos e melhoria contínua na segurança dos dados pessoais. Embora a LGPD não exija especificamente a realização de pentests, implementar testes contínuos evidencia claramente a diligência da organização em relação à proteção de informações sensíveis.
“Padrões internacionais como a ISO 27001 reforçam ainda mais essa relevância, ao destacarem a importância de avaliações constantes de riscos e controles de segurança. A norma recomenda testes regulares como forma de validar a eficácia do Sistema de Gestão de Segurança da Informação. Empresas que buscam certificação têm adotado testes frequentes como parte integrante de seus processos internos, alinhando-se ao ciclo PDCA e garantindo uma gestão de vulnerabilidades eficiente e constante”, diz Eduardo.
Além disso, o pentest contínuo fortalece a resiliência operacional da empresa, prevenindo incidentes graves que possam interromper sistemas críticos, como ataques de ransomware. Essa abordagem também incentiva uma cultura interna de segurança, promovendo a integração entre equipes de desenvolvimento, operações e segurança. A conscientização sobre segurança aumenta, disseminando boas práticas e elevando a maturidade da organização como um todo.
Em longo prazo, essa resiliência se traduz em vantagem competitiva, pois organizações com operações mais estáveis têm maior capacidade de crescimento e podem evitar perdas decorrentes de ataques não mitigados.
“Existe um consenso claro: segurança não pode ser encarada como evento ocasional, mas como prática constante. A implementação de uma estratégia de pentest contínuo reflete essa nova realidade, transformando a cibersegurança em um processo contínuo de evolução. Essa abordagem, antes tendência emergente, tende a se consolidar como padrão essencial na proteção digital, diferenciando as empresas preparadas daquelas que ficarão vulneráveis às novas ameaças”, explica Eduardo, lembrando que “investir no pentest contínuo é investir na longevidade e confiança do negócio em um mundo digital cada vez mais exigente e complexo”.
Sobre TÜV Rheinland
A TÜV Rheinland é uma das principais fornecedoras de serviços de testes e inspeções do mundo, com receita anual superior a 2,7 bilhões de euros e cerca de 26.000 colaboradores em mais de 50 países. Seus especialistas altamente qualificados testam sistemas e produtos técnicos, viabilizam a inovação e apoiam empresas na transição para uma atuação mais sustentável. A empresa capacita profissionais em diversas áreas e certifica sistemas de gestão conforme padrões internacionais. Com expertise reconhecida em áreas como mobilidade, fornecimento de energia e infraestrutura, a TÜV Rheinland assegura qualidade independente em todas as etapas, inclusive em tecnologias emergentes, como hidrogênio verde, inteligência artificial e condução autônoma. Dessa forma, contribui para um futuro mais seguro e melhor para todos. Desde 2006, a TÜV Rheinland é signatária do Pacto Global da ONU, que promove a sustentabilidade e combate à corrupção. Para saber mais, acesse: https://tuv.com
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